sexta-feira, 17 de outubro de 2014

(9) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook

# A gota d’água espalhava-se no centro da mão, liberando energias e abrindo novas conexões com a rosa vermelha no peito; imediatamente, a respiração ficou leve, livre e verde. Enredos inusitados informavam que alguns monstros estavam em processos de substituição e novas pedras coloridas possibilitariam mais alegrias nas casas revisitadas. Agora, o caminhante melhora a consciência daquilo que é essencial, bate palmas para o tempo amarelo-azul e joga sorrisos para os próximos dias.

# Debaixo da ponte, o caminhante observa sombras, incômodos e esperanças. Na passagem, o homem da bicicleta buzina três vezes. É hora da sua partida, pula para o barco que se encontra à deriva no meio do rio. Sem esforço, deita no fundo do barco, abre os braços, olha para o céu azul e entrega-se, confiante, ao movimento livre das águas.
# Resolvo buscar outras coisas, diferente do botão que controla a geladeira, então, pego o primeiro farelo de bolacha que encontro livre em cima da mesa, entrego a última formiga da fila e saio para desmontar maquetes e reinventar quebra-cabeças.

# Era um labirinto de paredes longas, ruas estreitas e várias entradas. Estava perdido nas horas e cruzando os dedos para o novelo não acabar. O buraco feito na parede não passava ombros e as forças das pernas eram insuficientes para escaladas. Depois de certo tempo, uma chuva desejada aparece para atender todos os pedidos. Um novo lago se forma e um barco vermelho carrega todos para a melhor saída.

 # Tomou água e escreveu no caderno de memórias o que tinha aprendido; sentou na terceira cadeira da roda e compassivamente escutou a variedade de experiências. Agradeceu a diversidade das rosas recebidas e distribuiu pedaços de ‘barbante resiliente’ com todos os interessados.

# Encontrou tudo misturado: sapato apertado, zumbido na orelha, migalhas de vinho, placa de contramão, cachorro perdido, relógio parado e nas prateleiras livros empoeirados. Sentou na calçada, refez pedaços, dançou na chuva, pintou sete vezes, jogou pedras no telhado e disse várias vezes que teria solução. Subiu na escada, apertou a luz, distribuiu palavras, acendeu a fogueira e desenhou coisas boas no livro do amanhã.

# Quando retornou à sala de vivências, leu todas as palavras que escreveu no papel branco: medo, desordem, autocobrança, nova ordem, desafio, sol e saúde. De repente ficou assustado, porque apareceu um objeto que não poderia ser visto. Imediatamente, arrancou o impróprio da parede e colocou no bolso direito da calça, saiu da sala e deitou no banco de madeira que estava no corredor. Fechou os olhos e iniciou um novo sonho: estava no deserto muito diferente, cheio de oásis, plantas verdes, rara beleza e uma fonte de água mineral azul. Satisfeito com encontro com a fonte de saúde, mergulhou de corpo e alma para um banho regenerador. Estava muito bem, relaxado e meditando a luz branca que vinha do lindo céu azul. Passou horas no bem bom! Depois saiu da fonte e acompanhou dois pássaros que viajavam, sem pressa, em direção à próxima cidade. Quando chegou à cidade, ficou muito feliz com a quantidade de fontes de água mineral azul nas casas.

sábado, 11 de outubro de 2014

(8) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook

# Acordei para o bom dia e com renovadas vontades para abrir gaiolas e ajudar na construção de pontes. Já fiz o agradecimento à noite que foi longa de histórias. Apesar do cansaço e da teimosia do grande inseto amarelo. Foi bom! Depois de muito trabalho, coloquei o manto branco sagrado de luz e fiquei recebendo o prazer do silêncio. Agora escrevo a tarefa da tarde: desfrutar o “pôr do sol” que me levará ao pote de ouro.

# Pegou a imagem da última bola rasgada e acrescentou as marcas do puxão de orelha; desconsiderou a raiva da vizinha faladeira e da vergonha da goleada. Colocou no liquidificador outras coisas, misturou tudo e saiu para a sala de histórias complexas. Quando chegou, encontrou um quadro branco com algumas palavras escritas em tintas vermelhas e uma vela azul esperando para ser acesa. Ficou feliz e assumiu o compromisso de desenvolver a temperança todos os dias.

# O muro foi pulado e a preguiça foi pra lata do lixo. Pegou a sacola e saiu distribuindo chocolates. Quando encontrou o primeiro sapo, perguntou que confusão era aquela, sem resposta, voltou para casa e foi separar os feijões da próxima refeição.

# Pegou a carta rasgada, colocou no bolso e saiu para pegar o último ônibus. Sentou-se na cadeira e perguntou ao motorista qual era a parada mais segura. Desceu cinco minutos antes do ponto e como o relógio estava atrasado não escutou as tarefas da semana. No retorno a morada, como não tinha mais ônibus, pegou os melhores atalhos que sujaram os seus sapatos de lama. Sabia que precisava levar, a todo custo, as informações solicitadas. Então, olhou para lua e pediu a São Jorge inspiração para inventar as melhores desculpas. Quando abriu a porta, encontrou somente um bilhete na mesa com informações das suas tarefas e um lindo relógio de presente.

# Escreveu no papel palavras e frases que não queria pensar ou sentir. Imediatamente, cortou cada enunciado, várias vezes, jogou os restos no cinzeiro e com fogo produziu uma grande borra. Aliviado, soprou a borra que se espalhou em forma de luz pela sala. Sentiu uma grande vontade de fazer algo novo, aproximou-se do quadro branco que estava na última parede e com lápis vermelho colocou as mensagens que brotavam na sua cabeça.

# Imaginou que o jarro era gigante, subiu na mesa e recebeu o maravilhoso perfume de arruda. Depois de alguns giros ao redor do grande totem, percebeu que existiam vários parceiros a sua volta. Incomodado, pulou de lado para a lateral da mesa e foi seguido por todos aqueles que desejavam a mesma experiência. Achou que tinha que fazer alguma coisa diferente e quando o último chegou ao círculo, formado na periferia da mesa, iniciou uma grande roda e montou as bases das próximas jornadas.

# Foi acordado e observou que já passava da hora. Sentiu o sol forte iluminando o telhado da sua casa. Na rua, verificou que o grande buraco aumentava de tamanho toda vez que uma mentira era contada. Percebeu que os moradores estavam presos a um grande medo e resolvidos a não sair mais da cama. Curioso, foi para o outro lado da rua e perguntou aos vizinhos distantes quais os motivos para tantos enganos. Sem resposta, iniciou uma maratona de perguntas e respostas, com a intenção de encontrar a qualidade das metralhas que evitariam a formação de complexos, e encheriam os frascos das pílulas de felicidade momentânea.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

(7) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook

# Outro dia, escreveu com lápis vermelho a tarefa dos próximos dias. Depois de certa resistência, foi para a rua e levou todo o estoque que havia sendo acumulado durante anos. Durante o trabalho, várias casas foram visitadas com relativo sucesso, menos uma que tinha portas e janelas travadas. Para terminar a tarefa consultou o velho sábio qual seria o próximo passo. Depois da resposta, foi para o espelho e agradeceu as marcas de reconhecimento que tinha recebido durante as vivências.
# Estava escrito: chuva fina, madeira crua e querosene queimado; labaredas, milho assado e nuvens de fumaça; bomba, traque de massa e espoleta; banho de lágrimas, barriga inchada e mijo na cama. Tinha um desenho de uma bananeira e ao lado uma fatia de pé de moleque.
# Acontecia: iniciativa, frio na barriga, controle do tempo e força nos punhos; sinal da cruz, testa vermelha, peito aberto e cabelos ao vento. No retorno: abraços, risos nos lábios, perguntas sem respostas, elogios e consciência do dever cumprido.
# Acontecendo: desculpas, reconhecimentos, palavras de apoio, manga com leite, cara de agrado e quarto arrumado. Suavemente: ajustes de palavras, respiração verde, rumo certo, entendimento, rosas ao vento e metas alcançadas.
# Do outro lado, a grade do medo, passos errados, dores, ansiedades e migalhas de culpa fervilhavam na caçarola em fogo alto. Um grande susto, pessimismo e polegar para baixo. Depois de certo tempo, atravessou a rua, saiu do buraco e colocou novos azulejos na calçada, recriando cenários e projetos. O céu ficou profundamente azul e a disciplina otimista passou a ser tema da nova bandeira.
# A sala estava alegre, iluminada, cheirava canela e ouviam-se pequenos sussurros de almas prontas para ensinamentos. A mãe do afeto, cuidadosamente, escutava, acolhia e acompanhava desdobramentos de gestos, falas e silêncios. No centro, algumas folhas coloridas registravam sentimentos, impasses e proposições. O momento era mágico e insubstituível.  De vez em quando, surgia um novo risco de aparência desconhecida e a página da hora escrevia o seu destino. Depois de certo tempo, o sonhante acorda, abre os olhos, respira fundo e agradece aos deuses dos sonhos a oportunidade de ter vivido o melhor sonho do dia.
# Tinha um tempo para se chegar à cacimba. Na cabeça um chapéu, uma corda no pescoço e um punhado de pedidos na palma da mão. A vontade era enorme para retirar a grande sorte. Na primeira pescada, retornaram dois besouros que foram parar em copo com água. Depois, saiu para rua, queria fazer alguma coisa e encontrou um grande galo que mandava no terreiro. Fascinado com o valor de cada besouro, pensou entregar ao galo para no futuro receber benefícios. Subitamente, começar a chover e um novo sentimento provoca o aparecimento de dois motivos para se desviar do bico do galo. Agora, um lindo jardim desfruta a liberdade dos besouros.
# Olhou para o telhado da sua casa e observou que uma parte do telhado continuava de vidro. Ficou com medo e logo saiu para retirar algumas pedras da rua. Curioso, passou na casa do vizinho e percebeu um número pequeno de buracos no telhado. Cabisbaixo, Foi para a biblioteca e elaborou um novo discurso. Quando voltou para casa verificou vários muros pintados com palavras educativas sobre os perigos de palavras enganosas. Passou alguns minutos registrando o que mais incomodava. Cruzou os dedos, sacudiu o velho livro na lata de lixo e voltou para conversar com os amigos coruja que já esperavam a sua volta. 

domingo, 14 de setembro de 2014

(6) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook

# Naquele dia, quando estava perdido, encontrou o que mais precisava: pessoas amigas, clareza de ideias e palavras bondosas. O céu azul e várias nuvens brancas proporcionavam sentimentos de proteção, sensações de segurança e paz interior. O movimento do mar era tranquilo e alguns peixes alegravam o ambiente. Hoje, com as novas imagens positivas, algumas lembranças mudaram de lugar e o peregrino passa a exaltar confiança, coragem e ousadia.

# Na palma da mão tinha um punhado de sementes prontas para serem jogadas ao vento. Estava ficando tarde e o sol descia a colina vagarosamente. Perguntava qual a serventia daquelas sementes quando as valas estavam pobres em nutrientes. Depois de certo tempo, aparece o velho da colina ao lado do seu carinhoso e simpático jumento distribuindo pitadas de abóboras recheadas de tomates vermelhos. Agora, vejo sementes germinadas multiplicando fragrâncias de otimismo em córregos, montes e colinas.

# Certo dia, ao remexer em coisas antigas, encontrou uma lata cheia de objetos não usados e fora do prazo de validade. Inquieto com o prejuízo conduziu todos para uma sala encantada. Quando chegou à sala, se deparou com um casal de lebres brancos com laços vermelhos no pescoço e uma cadeira no centro, com livro aberto na página 45. Depois de certo tempo, observando o movimento de transformação sentou no chão e começou a desfrutar os objetos recuperados.

# A noite caia na rua das primeiras descobertas, horas a fio, uma luz amarela afastava as trevas que teimavam desesperançar os sonhos do menino. Tempos idos, de palavras repetidas em velhos cadernos, desabrochando a força que começava exalar no peito sentimentos que dariam o tempero para enfrentar desafios. Hoje, o homem separa sementes, sopra vontades e traça caminhos, conduzindo o despertar do amanhã desejável aos seus olhos.

# Estava em cima da grade, desfrutando pensamentos e vozes de passarinhos. Do lado direito, o capim verde era marcado por passos apressados e, do lado esquerdo, o chão batido soprava uma poeira fina. Copiosamente chovia fino, o sol iluminava algumas rosas vermelhas que eram conduzidas para lugares carentes. O céu azul iluminava mentes de peregrinos sem rumo e o manto branco sagrado estava sendo repartido com todos que chegavam humildemente com a sua caçarola.

# A sala estava cheia de quadros coloridos e no topo da janela um canário do império produzia um belíssimo som; várias penas amarelas marcavam o assoalho de madeira. No centro, um gato mariscado guardava a chegada do último dono. Pedras no canto da sala marcavam velhos acontecimentos... Depois de uma longa e mal dormida noite, o sonho desapareceu e tudo virou uma tela em branco.

# Retirou da parede o último recado e contou a quantidade de pregos que penduravam as ordens da casa. Percebeu que existia alguma coisa errada, pegou o balde de recados confusos e estabeleceu novos critérios: tinha que esperar que o sino tocasse três vezes e, imediatamente, tomar água no cálice de prata. Depois, saiu para a rua encontrar novos parceiros para as próximas caminhadas.

# As palavras estavam reescritas no antigo caderno e no rodapé de cada página tinha um desenho da infância. Juntos da cama, dois rádios tocavam músicas na mesma frequência. O sol brilhava atrás da cortina e o novo recado informava que a próxima empreitada seria limpar as manchas das camisas erradas.


sábado, 2 de agosto de 2014

(A) Informações básicas sobre ‘Recriação de Histórias’


# O 'Recriação de Histórias' é um processo de aprendizagem vivencial estruturado na dinâmica psicológica de estímulos-e-respostas que originam as arrumações afetivas e comportamentais.

# É um método pedagógico de alcance terapêutico, formatado para facilitar a liberação e cura de conteúdos que se encontram em trânsito no cérebro emocional, através de um manejo consciente e saudável dos hemisférios cerebrais.

# A aprendizagem acontece através do incitamento do potencial criativo, inato a todos os indivíduos, instituidor do conhecimento tácito que, atrelado à percepção intuitiva, é formador da inteligência no âmbito do imaginário.

# O ‘Recriação de Histórias’ tem por objetivos possibilitar a transformação dos significados negativos, a otimização dos vínculos afetivos positivos e a construção de cenários que aumentem a confiança no futuro.

# A metodologia utilizada é de natureza construtivista, formatada de maneira artesanal, em tempo real, centrada nas características dos participantes e construída a partir dos objetos tangíveis e intangíveis que compõem o ambiente. A sua dinâmica acontece de maneira presencial, em sessões de 60 minutos, em pequenos grupos e no atendimento individual.

# O processo de criação dos textos e histórias acontece de maneira espontânea, impulsionado por um lampejo afetivo, influenciado por conteúdos inconscientes ou por acontecimentos do cotidiano, integrado à vontade natural de alcançar a realização e o bem-estar. Não há processos de avaliação, interpretação ou julgamentos. Com a continuidade dos encontros cria-se um ambiente de escuta compassiva, respeito mútuo, generosidade e alegria.

# As sessões são concebidas e desenvolvidas de uma forma poética e intuitiva, inspiradas no perfil criativo do facilitador, na energia do grupo e na sintonia que se estabelece entre os participantes.

# Durante as sessões, os participantes são induzidos a criar histórias, de maneira metafórica e inusitada, a compor textos poéticos e inventar jogos cooperativos.

# A dinâmica terapêutica ocorre de uma forma singular, no tempo e características da pessoa que se encontra disponível para exercitar o potencial criativo e liberar conteúdos que transitam no cérebro emocional. A cura (substituição ou transformação dos significados negativos) acontece de maneira espontânea em elaborações psicológicas, durante as vivências, nos devaneios oníricos e nas experiências do cotidiano.

# Com a continuidade das sessões o participante desenvolve a capacidade de gestar o seu próprio processo terapêutico; assume o “controle” da terapia, para substituir perdas, trocar ganhos ou direcionar os “não resolvidos” para a zona do silêncio.

domingo, 27 de julho de 2014

(5) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook


# Queria fazer e fez tudo que era possível: atravessou a rua, subiu a escada, plantou bananeira, reclamou do vizinho, escreveu fora do lugar e foi para qualquer lugar, sem rumo certo. Quando amanheceu, olhou para o bolso e percebeu que restavam algumas pedrinhas, então resolveu parar, refletir, entender os significados emergentes e recolocar cada querer.

 # Sentado na cadeira esperava as ordens do grande chefe, estava tudo arrumado: livro para registros na mesa, lápis, borracha e uma caneca azul cheia de água limpa transparente. Na última hora, recebeu o recado que seria difícil digerir os novos ensinamentos. Imediatamente o servidor foi na estante, pegou o livro vermelho, abriu na página 12 e retirou 03 galhos de rosa.

# O caminhante voltou para mesa, olhou de novo para a pipoca dentro do copo d’água e observou que a lâmpada, antes queimada, estava acesa. Subitamente, retirou um punhado de ervilha que estava no bolso direito da calça, colocou na palma da mão esquerda e sacudiu no ventilador que regenera campos inférteis.

# Uma corrida, duas medidas. Uma quina, duas cabeças. Dois gritos, um gemido. Duas palavras, uma escuta. Dois caminhos, um inchaço. Dois remédios, um perdão. Um agradecimento, duas curas.
 
# O nascimento foi uma pressa, queria conhecer a primeira bela mulher que a vida tinha escolhido... Na meninice, o tempo era curto para se buscar tantas respostas... Na velhice, pensa, sente e escolhe as lembranças; agradece os acolhimentos e cuidados dos que já foram e daqueles que estão presentes

# Precisava retirar algumas páginas que foram marcadas no livro de registro dos últimos acontecimentos... Escreveu com vela branca nas folhas soltas que foram selecionadas para substituir as folhas rasgadas... Agora, prepara fogueiras, queima pedaços de papel e espera o momento para esfregar as borras nas mensagens ocultas e conhecer melhor os seus significados.

# Lembro que ontem na mesa encantada olhei com olhos de coruja, fui feiticeira abrindo cortinas de mistérios e peixe pregador de teorias inusitadas. Lembro-me da borboleta desfrutando o movimento das asas, um holofote repetindo cores e vários pássaros construindo caminhos de pedra em riachos desconhecidos.

# Tinha uma passagem que indicava qual seria o caminho de volta, era uma rua estreita e antiga, cheia de pequenos atalhos e pronta para ser explorada. O sol borbulhava claridade e as pequenas poças d’água davam o tom de alegria e felicidade. Renovado, o caminhante dar uma parada, conta o número de pétalas vermelhas colhidas no caminho e reparte com os caminhantes as bandeiras que serão fincadas ao longo da próxima estrada.

(4) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook


# No altar colocamos rosas vermelhas ao peito para alimentar, continuamente, o fogo da paixão-amor. Ano de 1974, 23 de fevereiro. O lindo céu professava caminhos de felicidades. Um sábado abridor de portas de alegrias... Agradeço, eternamente, a linda menina por acreditar que valeria a pena receber e dar algumas pisadas na grande dança do casamento. Aproveito para pedir desculpas pelas pisadas de precipitante.

 # Retirei pregos e parafusos das gavetas e coloquei debaixo da mesa. Fiz tudo ao contrário para verificar a serventia das regras. Perguntei e recebi várias respostas. Insatisfeito, fui novamente procurar outros objetos para colocá-los debaixo da cama.
 
# Observei que o caminhante estava atento para escolher novos caminhos. Ele não tirava os olhos das particularidades, pesava, filtrava e descartava as rebarbas. Deixava “pra lá” as coisas que não tinham jeito de aproveitamento. Na caminhada começou a chover, imediatamente, tirou a camisa e imaginou que estava deitado na calçada do quintal da casa, desfrutando as gotas que daria energia suficiente para mudar possíveis braçadas.

 # Contraditório, inusitado, desdobramento, ambivalência e paradoxal faziam parte dos significados do viajante. Um vazio bom, depois de montar enredos. Um ambiente externo maravilhoso, disponível para aventuras da mente fértil. Inventa agora que em cima da árvore tinha um pássaro debochando da sua cara. Eram sorrisos diante dos bons perigos das aventuranças.

# Naquele dia, quando estava muito cansado, fui ao encontro de ventos de vitalidade. Busquei na memória um lindo campo verde, um cavalo marrom com sela vermelha e ao seu lado um carro vermelho correndo na estrada. Voltei forte para o desafio da tarefa, confirmando que é possível tirar leite de pedras.
 
# Usava uma pá para retirar objetos que chegavam ao buraco em velocidade. Parecia que o movimento seria eterno e não seria possível atender as demandas... Depois de certo tempo e renovadas experiências, a situação entrou em novo ritmo, os objetos passaram a chegar, vagarosamente, fragmentados pelos cortes de outros ventos e, tudo acabou bem para alívio da cabeça do sonhante.

 # Era um portal de passagem e folhas de encanto eram rasgadas. As lágrimas da iniciação marcavam um novo tempo... O caminhante sabia que não existia espaço para o fico, por isso, estava disponível para receber novas pedras de sabedoria e confeccionar mantos, em diferentes ordens e livre de agulhas viciadas. Agora, o caminhante olha para o horizonte e espera a vinda de outras nuvens para formação de novas cirandas de encantamento.

# Estava mobilizado por vontades, a procura de uma nova página virgem de histórias, me deparei com um calhamaço de histórias em andamento, mal contadas, esperando oportunidades para chegar à superfície. Resolvi misturar tintas, em várias tonalidades, e apresentar alguns esboços para o sossego de possíveis cobradores internos.

(3) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook


# Ele achava que não precisava escrever nada. Precisava somente observar a rapidez de cada mudança. Perdido na diversidade de sensações e sentimentos mudou dezenas de vezes de opinião. Na incompletude, evocou dois pássaros coloridos e aceitou, sem desagrado, os acontecimentos.

 # A folha fora devidamente cortada e colada no grande espelho. Cada pedaço indicava um possível caminho. Volta e meia, surgia uma interrogação. Como organizar os belos garranchos? Será que a pedra deveria escolher o caminhante?! Ilusão?! Dúvidas?! Confusão?!... Que bom! É Livre criar.

 # Ele tem economizado o seu precioso líquido para marcar novos territórios e, a cada saída inventa uma nova maneira de anunciar a sua presença. O estresse é grande porque o espaço é curto para tantos competidores. Agora, ele pensa que o jeito é caminhar nos espaços paralelos, mudar a condução e transformar a rotina das paredes, como não é possível, ele senta na pedra do silêncio e espera a chegada do arco-íris.

 # Ele achava que podia desmontar estruturas... Dizia-se que a força da sua mão era desproporcional a sua vontade. Puro engano. Poucos acreditavam que a qualquer momento iria desistir. Os pedaços de coragem acendiam o seu peito. De vez em quando, abria o livro das ilusões e desenhava o futuro... O soldado de chumbo, agora, propaga ideias diferentes e testa a serventia dos enganos, para o eterno recomeço de abri outras janelas de encantamento.

 # Todos os dias, recebia um papel cheio de notícias ruins, algumas desconhecidas e outras carimbadas. Quando tomava consciência do seu conteúdo, ignorava, assumia algumas atitudes ou resolvia apagá-las. Às vezes, falava para o remetente que não tinha obrigação de julgá-las. Dizia que gostaria de passar longe das bancas estressantes. Como não podia, escrevia garranchos coloridos, soprava ao vento e ficava esperando a alegria que chegaria com os novos pombos.

 # Era um som que se escutava: verde que te quero verde, verde saúde do meu querer; do grilo ao silêncio, para rememorar aquilo que há de se fazer.

 # Era um carnaval de inocências e instintos: desfile de máscaras de pessoas, apitos livres, automóveis transviados, blocos da Rua Nova, fantasias da Imperatriz e banhos de água suja. Tempos de insensatez... Uma vez um chapéu roubado, um canto mijado; novamente acontecendo, sem documentos e longe de compromissos.

# O espelho estava todo remendado. Vagarosamente, algumas pessoas se aproximavam para enxergar os disfarces. Vítimas de destinos, as imagens distorciam compreensões e atitudes. Agora, quando tomo meio copo d’água espero uma nova oportunidade para colocar novos remendos.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

(2) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook


# Hoje em falta, vejo que as páginas não foram lidas. O olho curioso espera a caneta. Abro o papel amassado e sopro algumas ideias. Depois de algumas tentativas, escolho um balde e tomo banho nas cores do sossego.
 
 # A mente do caminhante solicita traços, rabiscos e curvas sem sentido. O beco da estrada termina nos primeiros passos. De repente, uma luva resolve dizer coisa sem coisa e, tudo vira um novelo sem fim.

 # Tinha uma barriga engraçada com pedras muito pequenas que faziam uma zoada danada. Cada pedra tinha seu próprio ritmo e a desarmonia era grande. Subitamente, aparece uma pinça para chupar todas as pedras. Agora, a barriga oca sai em busca de novos adereços.

# O ponto era inusitado, diferente de outras épocas, outros interesses e gargalos, mas o propósito essencial era o mesmo: a defesa a vida. Olhei, escutei, senti e criei pontinhos de histórias. Relembrando sensações e crenças, viajei nos jardins de pedras preciosas vermelhas. Agora estou mais rico de imagens e pronto para evocar novas fogueiras.

# Fui para varanda na escuridão da noite. Olhei para chuva e escutei bons zumbidos. Sentei na cadeira solitária. Observei a sessão do corpo e mergulhei na alma. Fiquei em silêncio sem fazer nada. Que bom! Daqui a pouco farei a próxima caminhada para vida.

# Certo dia de chuva, uma poça d’água sofria diante da possibilidade do desaparecimento, em questões de segundos o aquecedor natural definiria o seu futuro. Repentinamente, uma comunidade de gotas chega ao sopro do vento e uma nova sorte é lançada no processo de limpeza do ambiente.

# Olhei no espelho e encontrei um mata-borrão que tinha perdido e observei que os erros tinham mudado o lugar de esconder os caprichos.

# Numa rua de domingo um menino empurrava uma roda de borracha, era o tempo de exercitar a matemática contando castanholas caídas no chão. Dia de festa, livre para inventar travessuras, ultrapassar limites e alimentar pulmões... Agora, o então homem retira do baú lembranças para continuar pintando o seu cotidiano.

# O galo abria as asas para o bom dia. Na mesa ovos de ouro chegavam a galope do chiqueiro; tudo era tranquilo, admiração, beleza e reconhecimento. Não existiam vítimas, somente o desejo de valorizar o sentimento de pertença.

# O buraco da fechadura era estreito. A camisa rasgada não tinha conserto. A torneira sempre estava vazia. Subitamente, chega um raio para cortar a linha do destino e as cartas da sorte começam a serem distribuídas para alegria de alguns jogadores.

sábado, 26 de abril de 2014

(1) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook


# Existia um pé que corria pelos buracos e ladeiras, sem rumo. Uma senhora falava que ele corria porque a calça ficava apertada. Perguntei aos meus botões o que ela queria dizer com aquilo. De repente, o sino toca, a lavadeira desce a escada e o pé volta para casa.

# Na mesa tinha um copo “em conciliação”, o vento gargalhou e a porta se abriu. Escutei uns passos, recebi um abraço e tudo ficou azul.

# Era uma carroça diferente: levava antiguidades; o cavalo era menor e sorria bastante. Quando chegou à porteira encontrou um gato, que na sua eterna preguiça não disse nada. O cavalo começou a crescer; o gato correu e subiu na carroça. As porteiras se abriram e os objetos mudaram de valor.

# Outro dia, amarrei uma linha em um dedo, para não esquecer as coisas. Quando percebi que amarrei o dedo errado, já era tarde demais, vários assuntos tinham mudado de lugar. Voltei para cadeira para refazer o mal-entendido e encontrei um novo problema: as linhas tinham mudado o prazo de validade. Para diminuir o prejuízo, fui para cama, relaxei e voltei para o silêncio.

# Tinha na sala um saco de bolas coloridas. As bolas cheias mudavam de cor a cada aperto e as bolas vazias saiam da sala para curtir outras experiências. Quando as bolas foragidas voltavam, traziam um laço preso ao corpo, sem entender, as bolas cheias resolveram fechar o saco.

# Tinha uma trilha fora da casa indicando outros caminhos. Uma seta informava: coloque um punhado de moedas na mão e jogue de volta no poço. O poço agradeceu e informou que depois daria o retorno.

# Outro dia, estava observando que as bocas estavam cheias de farelos. Algumas formigas faziam a festa debaixo da mesa, outras, diziam que o produto era de má qualidade. Sutilmente, um vento apareceu de maneira diferente, o formigão perdeu o posto e a comilança se transformou em melodia.

# Tinha uma garrafa em cima do muro que se equilibrava por teimosia. Uma pequena multidão discutia quais os motivos da brincadeira. Quem era o dono da garrafa: o vizinho, você, eu, quem? Estava pensando que talvez fosse uma simpatia para começar bem o ano de 2012. Como a “solução” foi encontrada, imediatamente a tela ficou em branco.

# O livro era enorme, branco, do tamanho da sala. As pessoas lambuzavam com os pés as maravilhas da liberdade. Era uma terça-feira. No teto tinha uma mandala que girava em sentido horário e anunciava o momento da distribuição das palavras.

# O espaço era curto para tantas profecias e as expectativas pessimistas rodopiavam nas palavras. De repente, o mago “dono” da roda do destino aparece para embaralhar o sentido das certezas e os ouvidos passam a ouvir (somente) os pingos da chuva.

# O rótulo molhado continuava na mesa e o corte estava diferente. As caixas produziam sons de outras eras. “Pura” madrugada sem lembranças... Para trazer alegria ao desconhecido escrevo palavras em vermelho.

CARTAZ DO 'RECRIAÇÃO DE HISTÓRIAS'


TEXTO DE ZECA LEMOS


          Foi um dia de vivências de gosto diferente, muito bom e arrebatador. Supimpa os desenhos! Fui levado aos tempos da inocência curiosa. No meio do caminho, perguntei ao grilo amarelo qual era a serventia do grande buraco da fechadura e qual seria a explicação para o constante retorno das setas. Sabia que não teria uma resposta precisa, somente inacabada. Legal... Relembro que tinha dois rabiscos de óculos e um círculo relativamente aberto. Fiquei satisfeito, compreendido e avançado. Depois fui comemorar na ‘sala da vida’ os avanços, o aprendido e os novos significados. No final, agraciado, registrei no último papel A4 as palavras ‘olho e cabeça’ e recitei uma frase inusitada (agora não lembrada) que alegrou muito a minha alma. (Publicado no grupo 'Recriação de Histórias' no Facebook, em 23.04.2014)

TEXTO DE ZECA LEMOS


          No início da história, inventei uma bolsa de vento, fiquei com a sensação da sua pouca consistência. Sabia que precisava representar algumas pegadas no período das ‘eternas distâncias’, vividos no tempo das calças curtas. Logo em seguida, desloquei os retalhos de lembranças para uma viagem em campos oníricos. Imediatamente fiz algumas elaborações e inaugurei uma nova trilha. Depois, visualizei uma pequena bolsa que se encontrava protegida debaixo do querido travesseiro. Apitos e cenários mudaram de cor, de estação e serventia. Voltei para sala de encontros e fiz vários agradecimentos, aceitei elogios e abracei, demoradamente, a linda dona da bolsa. (Publicado no grupo ‘Recriação de Histórias’ do Facebook, em 12.04.2014.)