sexta-feira, 17 de outubro de 2014
sábado, 11 de outubro de 2014
(8) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook
# Acordei para o bom dia e com renovadas vontades para
abrir gaiolas e ajudar na construção de pontes. Já fiz o agradecimento à noite
que foi longa de histórias. Apesar do cansaço e da teimosia do grande inseto
amarelo. Foi bom! Depois de muito trabalho, coloquei o manto branco sagrado de
luz e fiquei recebendo o prazer do silêncio. Agora escrevo a tarefa da tarde:
desfrutar o “pôr do sol” que me levará ao pote de ouro.
# Pegou a imagem da última
bola rasgada e acrescentou as marcas do puxão de orelha; desconsiderou a raiva
da vizinha faladeira e da vergonha da goleada. Colocou no liquidificador outras
coisas, misturou tudo e saiu para a sala de histórias complexas. Quando chegou,
encontrou um quadro branco com algumas palavras escritas em tintas vermelhas e
uma vela azul esperando para ser acesa. Ficou feliz e assumiu o compromisso de
desenvolver a temperança todos os dias.
# O muro foi pulado e a
preguiça foi pra lata do lixo. Pegou a sacola e saiu distribuindo chocolates.
Quando encontrou o primeiro sapo, perguntou que confusão era aquela, sem
resposta, voltou para casa e foi separar os feijões da próxima refeição.
# Pegou a carta rasgada, colocou no bolso e saiu para pegar
o último ônibus. Sentou-se na cadeira e perguntou ao motorista qual era a
parada mais segura. Desceu cinco minutos antes do ponto e como o relógio estava
atrasado não escutou as tarefas da semana. No retorno a morada, como não tinha
mais ônibus, pegou os melhores atalhos que sujaram os seus sapatos de lama.
Sabia que precisava levar, a todo custo, as informações solicitadas. Então,
olhou para lua e pediu a São Jorge inspiração para inventar as melhores
desculpas. Quando abriu a porta, encontrou somente um bilhete na mesa com
informações das suas tarefas e um lindo relógio de presente.
# Escreveu no papel palavras
e frases que não queria pensar ou sentir. Imediatamente, cortou cada enunciado,
várias vezes, jogou os restos no cinzeiro e com fogo produziu uma grande borra.
Aliviado, soprou a borra que se espalhou em forma de luz pela sala. Sentiu uma
grande vontade de fazer algo novo, aproximou-se do quadro branco que estava na
última parede e com lápis vermelho colocou as mensagens que brotavam na sua
cabeça.
# Imaginou que o jarro era
gigante, subiu na mesa e recebeu o maravilhoso perfume de arruda. Depois de
alguns giros ao redor do grande totem, percebeu que existiam vários parceiros a
sua volta. Incomodado, pulou de lado para a lateral da mesa e foi seguido por
todos aqueles que desejavam a mesma experiência. Achou que tinha que fazer alguma
coisa diferente e quando o último chegou ao círculo, formado na periferia da
mesa, iniciou uma grande roda e montou as bases das próximas jornadas.
# Foi acordado e observou
que já passava da hora. Sentiu o sol forte iluminando o telhado da sua casa. Na
rua, verificou que o grande buraco aumentava de tamanho toda vez que uma
mentira era contada. Percebeu que os moradores estavam presos a um grande medo
e resolvidos a não sair mais da cama. Curioso, foi para o outro lado da rua e
perguntou aos vizinhos distantes quais os motivos para tantos enganos. Sem
resposta, iniciou uma maratona de perguntas e respostas, com a intenção de
encontrar a qualidade das metralhas que evitariam a formação de complexos, e
encheriam os frascos das pílulas de felicidade momentânea.
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
(7) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook
#
Outro dia, escreveu com lápis vermelho a tarefa dos próximos dias. Depois de
certa resistência, foi para a rua e levou todo o estoque que havia sendo
acumulado durante anos. Durante o trabalho, várias casas foram visitadas com
relativo sucesso, menos uma que tinha portas e janelas travadas. Para terminar
a tarefa consultou o velho sábio qual seria o próximo passo. Depois da
resposta, foi para o espelho e agradeceu as marcas de reconhecimento que tinha
recebido durante as vivências.
#
Estava escrito: chuva fina, madeira crua e querosene queimado; labaredas, milho
assado e nuvens de fumaça; bomba, traque de massa e espoleta; banho de
lágrimas, barriga inchada e mijo na cama. Tinha um desenho de uma bananeira e
ao lado uma fatia de pé de moleque.
#
Acontecia: iniciativa, frio na barriga, controle do tempo e força nos punhos;
sinal da cruz, testa vermelha, peito aberto e cabelos ao vento. No retorno:
abraços, risos nos lábios, perguntas sem respostas, elogios e consciência do
dever cumprido.
#
Acontecendo: desculpas, reconhecimentos, palavras de apoio, manga com leite,
cara de agrado e quarto arrumado. Suavemente: ajustes de palavras, respiração
verde, rumo certo, entendimento, rosas ao vento e metas alcançadas.
#
Do outro lado, a grade do medo, passos errados, dores, ansiedades e migalhas de
culpa fervilhavam na caçarola em fogo alto. Um grande susto, pessimismo e
polegar para baixo. Depois de certo tempo, atravessou a rua, saiu do buraco e
colocou novos azulejos na calçada, recriando cenários e projetos. O céu ficou
profundamente azul e a disciplina otimista passou a ser tema da nova bandeira.
#
A sala estava alegre, iluminada, cheirava canela e ouviam-se pequenos sussurros
de almas prontas para ensinamentos. A mãe do afeto, cuidadosamente, escutava,
acolhia e acompanhava desdobramentos de gestos, falas e silêncios. No centro,
algumas folhas coloridas registravam sentimentos, impasses e proposições. O
momento era mágico e insubstituível. De
vez em quando, surgia um novo risco de aparência desconhecida e a página da
hora escrevia o seu destino. Depois de certo tempo, o sonhante acorda, abre os
olhos, respira fundo e agradece aos deuses dos sonhos a oportunidade de ter
vivido o melhor sonho do dia.
# Tinha um tempo para se chegar à cacimba. Na cabeça um chapéu, uma
corda no pescoço e um punhado de pedidos na palma da mão. A vontade era enorme
para retirar a grande sorte. Na primeira pescada, retornaram dois besouros que
foram parar em copo com água. Depois, saiu para rua, queria fazer alguma coisa
e encontrou um grande galo que mandava no terreiro. Fascinado com o valor de
cada besouro, pensou entregar ao galo para no futuro receber benefícios.
Subitamente, começar a chover e um novo sentimento provoca o aparecimento de
dois motivos para se desviar do bico do galo. Agora, um lindo jardim desfruta a
liberdade dos besouros.
# Olhou para o telhado da sua casa e observou que uma parte do telhado continuava de vidro.
Ficou com medo e logo saiu para retirar algumas pedras da rua. Curioso, passou
na casa do vizinho e percebeu um número pequeno de buracos no telhado.
Cabisbaixo, Foi para a biblioteca e elaborou um novo discurso. Quando voltou
para casa verificou vários muros pintados com palavras educativas sobre os
perigos de palavras enganosas. Passou alguns minutos registrando o que mais
incomodava. Cruzou os dedos, sacudiu o velho livro na lata de lixo e voltou
para conversar com os amigos coruja que já esperavam a sua volta.
domingo, 14 de setembro de 2014
(6) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook
# Naquele dia, quando estava perdido, encontrou o que mais precisava:
pessoas amigas, clareza de ideias e palavras bondosas. O céu azul e várias
nuvens brancas proporcionavam sentimentos de proteção, sensações de segurança e
paz interior. O movimento do mar era tranquilo e alguns peixes alegravam o
ambiente. Hoje, com as novas imagens positivas, algumas lembranças mudaram de
lugar e o peregrino passa a exaltar confiança, coragem e ousadia.
# Na palma da mão tinha um punhado de sementes prontas para serem
jogadas ao vento. Estava ficando tarde e o sol descia a colina vagarosamente.
Perguntava qual a serventia daquelas sementes quando as valas estavam pobres em
nutrientes. Depois de certo tempo, aparece o velho da colina ao lado do seu
carinhoso e simpático jumento distribuindo pitadas de abóboras recheadas de
tomates vermelhos. Agora, vejo sementes germinadas multiplicando fragrâncias de
otimismo em córregos, montes e colinas.
# Certo dia, ao remexer em coisas antigas,
encontrou uma lata cheia de objetos não usados e fora do prazo de validade.
Inquieto com o prejuízo conduziu todos para uma sala encantada. Quando chegou à
sala, se deparou com um casal de lebres brancos com laços vermelhos no pescoço
e uma cadeira no centro, com livro aberto na página 45. Depois de certo tempo,
observando o movimento de transformação sentou no chão e começou a desfrutar os
objetos recuperados.
# A noite caia na rua das primeiras descobertas, horas a fio, uma luz
amarela afastava as trevas que teimavam desesperançar os sonhos do menino.
Tempos idos, de palavras repetidas em velhos cadernos, desabrochando a força
que começava exalar no peito sentimentos que dariam o tempero para enfrentar
desafios. Hoje, o homem separa sementes, sopra vontades e traça caminhos,
conduzindo o despertar do amanhã desejável aos seus olhos.
# Estava em cima da grade, desfrutando pensamentos e vozes de
passarinhos. Do lado direito, o capim verde era marcado por passos apressados
e, do lado esquerdo, o chão batido soprava uma poeira fina. Copiosamente chovia
fino, o sol iluminava algumas rosas vermelhas que eram conduzidas para lugares
carentes. O céu azul iluminava mentes de peregrinos sem rumo e o manto branco
sagrado estava sendo repartido com todos que chegavam humildemente com a sua
caçarola.
# A sala estava cheia de quadros coloridos e no topo da janela um
canário do império produzia um belíssimo som; várias penas amarelas marcavam o
assoalho de madeira. No centro, um gato mariscado guardava a chegada do último
dono. Pedras no canto da sala marcavam velhos acontecimentos... Depois de uma
longa e mal dormida noite, o sonho desapareceu e tudo virou uma tela em branco.
# Retirou da parede o último recado e contou a quantidade de pregos
que penduravam as ordens da casa. Percebeu que existia alguma coisa errada,
pegou o balde de recados confusos e estabeleceu novos critérios: tinha que
esperar que o sino tocasse três vezes e, imediatamente, tomar água no cálice de
prata. Depois, saiu para a rua encontrar novos parceiros para as próximas caminhadas.
# As palavras estavam reescritas no antigo caderno e no rodapé de
cada página tinha um desenho da infância. Juntos da cama, dois rádios tocavam
músicas na mesma frequência. O sol brilhava atrás da cortina e o novo recado
informava que a próxima empreitada seria limpar as manchas das camisas erradas.
sábado, 2 de agosto de 2014
(A) Informações básicas sobre ‘Recriação de Histórias’
# O 'Recriação de Histórias' é um processo de
aprendizagem vivencial estruturado na dinâmica psicológica de
estímulos-e-respostas que originam as arrumações afetivas e comportamentais.
# É um método pedagógico de alcance terapêutico,
formatado para facilitar a liberação e cura de conteúdos que se encontram em
trânsito no cérebro emocional, através de um manejo consciente e saudável dos
hemisférios cerebrais.
# A aprendizagem acontece através do incitamento
do potencial criativo, inato a todos os indivíduos, instituidor do conhecimento
tácito que, atrelado à percepção intuitiva, é formador da inteligência no
âmbito do imaginário.
# O ‘Recriação de Histórias’ tem por objetivos
possibilitar a transformação dos significados negativos, a otimização dos
vínculos afetivos positivos e a construção de cenários que aumentem a confiança
no futuro.
# A metodologia utilizada é de natureza
construtivista, formatada de maneira artesanal, em tempo real, centrada nas
características dos participantes e construída a partir dos objetos tangíveis e
intangíveis que compõem o ambiente. A sua dinâmica acontece de maneira
presencial, em sessões de 60 minutos, em pequenos grupos e no atendimento
individual.
# O
processo de criação dos textos e histórias acontece de maneira espontânea,
impulsionado por um lampejo afetivo, influenciado por conteúdos inconscientes
ou por acontecimentos do cotidiano, integrado à vontade natural de alcançar a
realização e o bem-estar. Não há processos de avaliação, interpretação ou
julgamentos. Com a continuidade dos encontros cria-se um ambiente de escuta
compassiva, respeito mútuo, generosidade e alegria.
# As sessões são concebidas e desenvolvidas de uma
forma poética e intuitiva, inspiradas no perfil criativo do facilitador, na
energia do grupo e na sintonia que se estabelece entre os participantes.
# Durante as sessões, os participantes são
induzidos a criar histórias, de maneira metafórica e inusitada, a compor textos
poéticos e inventar jogos cooperativos.
# A
dinâmica terapêutica ocorre de uma forma singular, no tempo e características
da pessoa que se encontra disponível para exercitar o potencial criativo e
liberar conteúdos que transitam no cérebro emocional. A cura (substituição ou
transformação dos significados negativos) acontece de maneira espontânea em
elaborações psicológicas, durante as vivências, nos devaneios oníricos e nas experiências
do cotidiano.
# Com
a continuidade das sessões o participante desenvolve a capacidade de gestar o
seu próprio processo terapêutico; assume o “controle” da terapia, para
substituir perdas, trocar ganhos ou direcionar os “não resolvidos” para a zona
do silêncio.
domingo, 27 de julho de 2014
(5) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook
# Queria fazer e fez tudo que
era possível: atravessou a rua, subiu a escada, plantou bananeira, reclamou do
vizinho, escreveu fora do lugar e foi para qualquer lugar, sem rumo certo.
Quando amanheceu, olhou para o bolso e percebeu que restavam algumas pedrinhas,
então resolveu parar, refletir, entender os significados emergentes e recolocar
cada querer.
# O caminhante voltou para
mesa, olhou de novo para a pipoca dentro do copo d’água e observou que a
lâmpada, antes queimada, estava acesa. Subitamente, retirou um punhado de
ervilha que estava no bolso direito da calça, colocou na palma da mão esquerda
e sacudiu no ventilador que regenera campos inférteis.
# Uma corrida, duas medidas.
Uma quina, duas cabeças. Dois gritos, um gemido. Duas palavras, uma escuta.
Dois caminhos, um inchaço. Dois remédios, um perdão. Um agradecimento, duas
curas.
# O nascimento foi uma pressa,
queria conhecer a primeira bela mulher que a vida tinha escolhido... Na
meninice, o tempo era curto para se buscar tantas respostas... Na velhice,
pensa, sente e escolhe as lembranças; agradece os acolhimentos e cuidados dos
que já foram e daqueles que estão presentes
# Precisava retirar algumas
páginas que foram marcadas no livro de registro dos últimos acontecimentos... Escreveu
com vela branca nas folhas soltas que foram selecionadas para substituir as
folhas rasgadas... Agora, prepara fogueiras, queima pedaços de papel e espera o
momento para esfregar as borras nas mensagens ocultas e conhecer melhor os seus
significados.
# Lembro que ontem na mesa
encantada olhei com olhos de coruja, fui feiticeira abrindo cortinas de
mistérios e peixe pregador de teorias inusitadas. Lembro-me da borboleta
desfrutando o movimento das asas, um holofote repetindo cores e vários pássaros
construindo caminhos de pedra em riachos desconhecidos.
# Tinha uma passagem que
indicava qual seria o caminho de volta, era uma rua estreita e antiga, cheia de
pequenos atalhos e pronta para ser explorada. O sol borbulhava claridade e as
pequenas poças d’água davam o tom de alegria e felicidade. Renovado, o
caminhante dar uma parada, conta o número de pétalas vermelhas colhidas no
caminho e reparte com os caminhantes as bandeiras que serão fincadas ao longo
da próxima estrada.
(4) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook
# No altar colocamos rosas
vermelhas ao peito para alimentar, continuamente, o fogo da paixão-amor. Ano de
1974, 23 de fevereiro. O lindo céu professava caminhos de felicidades. Um
sábado abridor de portas de alegrias... Agradeço, eternamente, a linda menina
por acreditar que valeria a pena receber e dar algumas pisadas na grande dança
do casamento. Aproveito para pedir desculpas pelas pisadas de precipitante.
# Observei que o caminhante estava atento para escolher novos caminhos. Ele não tirava os olhos das particularidades, pesava, filtrava e descartava as rebarbas. Deixava “pra lá” as coisas que não tinham jeito de aproveitamento. Na caminhada começou a chover, imediatamente, tirou a camisa e imaginou que estava deitado na calçada do quintal da casa, desfrutando as gotas que daria energia suficiente para mudar possíveis braçadas.
# Naquele dia, quando estava
muito cansado, fui ao encontro de ventos de vitalidade. Busquei na memória um
lindo campo verde, um cavalo marrom com sela vermelha e ao seu lado um carro
vermelho correndo na estrada. Voltei forte para o desafio da tarefa,
confirmando que é possível tirar leite de pedras.
# Usava uma pá para retirar
objetos que chegavam ao buraco em velocidade. Parecia que o movimento seria
eterno e não seria possível atender as demandas... Depois de certo tempo e
renovadas experiências, a situação entrou em novo ritmo, os objetos passaram a
chegar, vagarosamente, fragmentados pelos cortes de outros ventos e, tudo
acabou bem para alívio da cabeça do sonhante.
# Estava mobilizado por
vontades, a procura de uma nova página virgem de histórias, me deparei com um
calhamaço de histórias em andamento, mal contadas, esperando oportunidades para
chegar à superfície. Resolvi misturar tintas, em várias tonalidades, e apresentar
alguns esboços para o sossego de possíveis cobradores internos.
(3) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook
# Ele achava que não precisava
escrever nada. Precisava somente observar a rapidez de cada mudança. Perdido na
diversidade de sensações e sentimentos mudou dezenas de vezes de opinião. Na
incompletude, evocou dois pássaros coloridos e aceitou, sem desagrado, os
acontecimentos.
# O espelho estava todo remendado.
Vagarosamente, algumas pessoas se aproximavam para enxergar os disfarces.
Vítimas de destinos, as imagens distorciam compreensões e atitudes. Agora,
quando tomo meio copo d’água espero uma nova oportunidade para colocar novos
remendos.
sábado, 21 de junho de 2014
quinta-feira, 15 de maio de 2014
(2) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook
# Hoje em falta, vejo que as
páginas não foram lidas. O olho curioso espera a caneta. Abro o papel amassado
e sopro algumas ideias. Depois de algumas tentativas, escolho um balde e tomo
banho nas cores do sossego.
# O ponto era inusitado, diferente de outras épocas, outros interesses e gargalos, mas o propósito essencial era o mesmo: a defesa a vida. Olhei, escutei, senti e criei pontinhos de histórias. Relembrando sensações e crenças, viajei nos jardins de pedras preciosas vermelhas. Agora estou mais rico de imagens e pronto para evocar novas fogueiras.
# Fui para varanda na escuridão da noite. Olhei para chuva e escutei bons zumbidos. Sentei na cadeira solitária. Observei a sessão do corpo e mergulhei na alma. Fiquei em silêncio sem fazer nada. Que bom! Daqui a pouco farei a próxima caminhada para vida.
# Certo dia de chuva, uma poça d’água sofria diante da possibilidade do desaparecimento, em questões de segundos o aquecedor natural definiria o seu futuro. Repentinamente, uma comunidade de gotas chega ao sopro do vento e uma nova sorte é lançada no processo de limpeza do ambiente.
# Olhei no espelho e encontrei um mata-borrão que tinha perdido e observei que os erros tinham mudado o lugar de esconder os caprichos.
# Numa rua de domingo um menino empurrava uma roda de borracha, era o tempo de exercitar a matemática contando castanholas caídas no chão. Dia de festa, livre para inventar travessuras, ultrapassar limites e alimentar pulmões... Agora, o então homem retira do baú lembranças para continuar pintando o seu cotidiano.
# O galo abria as asas para o bom dia. Na mesa ovos de ouro chegavam a galope do chiqueiro; tudo era tranquilo, admiração, beleza e reconhecimento. Não existiam vítimas, somente o desejo de valorizar o sentimento de pertença.
# O buraco da fechadura era
estreito. A camisa rasgada não tinha conserto. A torneira sempre estava vazia.
Subitamente, chega um raio para cortar a linha do destino e as cartas da sorte
começam a serem distribuídas para alegria de alguns jogadores.
sexta-feira, 9 de maio de 2014
domingo, 27 de abril de 2014
sábado, 26 de abril de 2014
(1) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook
# Existia um pé que corria
pelos buracos e ladeiras, sem rumo. Uma senhora falava que ele corria porque a
calça ficava apertada. Perguntei aos meus botões o que ela queria dizer com
aquilo. De repente, o sino toca, a lavadeira desce a escada e o pé volta para
casa.
# Na mesa tinha um copo “em
conciliação”, o vento gargalhou e a porta se abriu. Escutei uns passos, recebi
um abraço e tudo ficou azul.
# Era uma carroça diferente:
levava antiguidades; o cavalo era menor e sorria bastante. Quando chegou à
porteira encontrou um gato, que na sua eterna preguiça não disse nada. O cavalo
começou a crescer; o gato correu e subiu na carroça. As porteiras se abriram e
os objetos mudaram de valor.
# Outro dia, amarrei uma linha
em um dedo, para não esquecer as coisas. Quando percebi que amarrei o dedo
errado, já era tarde demais, vários assuntos tinham mudado de lugar. Voltei
para cadeira para refazer o mal-entendido e encontrei um novo problema: as
linhas tinham mudado o prazo de validade. Para diminuir o prejuízo, fui para
cama, relaxei e voltei para o silêncio.
# Tinha na sala um saco de
bolas coloridas. As bolas cheias mudavam de cor a cada aperto e as bolas vazias
saiam da sala para curtir outras experiências. Quando as bolas foragidas
voltavam, traziam um laço preso ao corpo, sem entender, as bolas cheias
resolveram fechar o saco.
# Tinha uma trilha fora da casa
indicando outros caminhos. Uma seta informava: coloque um punhado de moedas na
mão e jogue de volta no poço. O poço agradeceu e informou que depois daria o
retorno.
# Outro dia, estava observando
que as bocas estavam cheias de farelos. Algumas formigas faziam a festa debaixo
da mesa, outras, diziam que o produto era de má qualidade. Sutilmente, um vento
apareceu de maneira diferente, o formigão perdeu o posto e a comilança se
transformou em melodia.
# Tinha uma garrafa em cima do
muro que se equilibrava por teimosia. Uma pequena multidão discutia quais os
motivos da brincadeira. Quem era o dono da garrafa: o vizinho, você, eu, quem?
Estava pensando que talvez fosse uma simpatia para começar bem o ano de 2012.
Como a “solução” foi encontrada, imediatamente a tela ficou em branco.
# O livro era enorme, branco,
do tamanho da sala. As pessoas lambuzavam com os pés as maravilhas da liberdade.
Era uma terça-feira. No teto tinha uma mandala que girava em sentido horário e
anunciava o momento da distribuição das palavras.
# O espaço era curto para
tantas profecias e as expectativas pessimistas rodopiavam nas palavras. De
repente, o mago “dono” da roda do destino aparece para embaralhar o sentido das
certezas e os ouvidos passam a ouvir (somente) os pingos da chuva.
# O rótulo molhado continuava na
mesa e o corte estava diferente. As caixas produziam sons de outras eras.
“Pura” madrugada sem lembranças... Para trazer alegria ao desconhecido escrevo
palavras em vermelho.
TEXTO DE ZECA LEMOS
Foi um dia de vivências de gosto diferente, muito bom
e arrebatador. Supimpa os desenhos! Fui levado aos tempos da inocência curiosa.
No meio do caminho, perguntei ao grilo amarelo qual era a serventia do grande
buraco da fechadura e qual seria a explicação para o constante retorno das setas.
Sabia que não teria uma resposta precisa, somente inacabada. Legal... Relembro
que tinha dois rabiscos de óculos e um círculo relativamente aberto. Fiquei satisfeito,
compreendido e avançado. Depois fui comemorar na ‘sala da vida’ os avanços, o
aprendido e os novos significados. No final, agraciado, registrei no último
papel A4 as palavras ‘olho e cabeça’ e recitei uma frase inusitada (agora não
lembrada) que alegrou muito a minha alma. (Publicado no grupo 'Recriação de Histórias' no Facebook, em 23.04.2014)
TEXTO DE ZECA LEMOS
No início da história, inventei uma bolsa de vento,
fiquei com a sensação da sua pouca consistência. Sabia que precisava
representar algumas pegadas no período das ‘eternas distâncias’, vividos no
tempo das calças curtas. Logo em seguida, desloquei os retalhos de lembranças
para uma viagem em campos oníricos. Imediatamente fiz algumas elaborações e
inaugurei uma nova trilha. Depois, visualizei uma pequena bolsa que se
encontrava protegida debaixo do querido travesseiro. Apitos e cenários mudaram
de cor, de estação e serventia. Voltei para sala de encontros e fiz vários
agradecimentos, aceitei elogios e abracei, demoradamente, a linda dona da
bolsa. (Publicado no grupo ‘Recriação de
Histórias’ do Facebook, em 12.04.2014.)
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