quarta-feira, 17 de setembro de 2014

(7) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook

# Outro dia, escreveu com lápis vermelho a tarefa dos próximos dias. Depois de certa resistência, foi para a rua e levou todo o estoque que havia sendo acumulado durante anos. Durante o trabalho, várias casas foram visitadas com relativo sucesso, menos uma que tinha portas e janelas travadas. Para terminar a tarefa consultou o velho sábio qual seria o próximo passo. Depois da resposta, foi para o espelho e agradeceu as marcas de reconhecimento que tinha recebido durante as vivências.
# Estava escrito: chuva fina, madeira crua e querosene queimado; labaredas, milho assado e nuvens de fumaça; bomba, traque de massa e espoleta; banho de lágrimas, barriga inchada e mijo na cama. Tinha um desenho de uma bananeira e ao lado uma fatia de pé de moleque.
# Acontecia: iniciativa, frio na barriga, controle do tempo e força nos punhos; sinal da cruz, testa vermelha, peito aberto e cabelos ao vento. No retorno: abraços, risos nos lábios, perguntas sem respostas, elogios e consciência do dever cumprido.
# Acontecendo: desculpas, reconhecimentos, palavras de apoio, manga com leite, cara de agrado e quarto arrumado. Suavemente: ajustes de palavras, respiração verde, rumo certo, entendimento, rosas ao vento e metas alcançadas.
# Do outro lado, a grade do medo, passos errados, dores, ansiedades e migalhas de culpa fervilhavam na caçarola em fogo alto. Um grande susto, pessimismo e polegar para baixo. Depois de certo tempo, atravessou a rua, saiu do buraco e colocou novos azulejos na calçada, recriando cenários e projetos. O céu ficou profundamente azul e a disciplina otimista passou a ser tema da nova bandeira.
# A sala estava alegre, iluminada, cheirava canela e ouviam-se pequenos sussurros de almas prontas para ensinamentos. A mãe do afeto, cuidadosamente, escutava, acolhia e acompanhava desdobramentos de gestos, falas e silêncios. No centro, algumas folhas coloridas registravam sentimentos, impasses e proposições. O momento era mágico e insubstituível.  De vez em quando, surgia um novo risco de aparência desconhecida e a página da hora escrevia o seu destino. Depois de certo tempo, o sonhante acorda, abre os olhos, respira fundo e agradece aos deuses dos sonhos a oportunidade de ter vivido o melhor sonho do dia.
# Tinha um tempo para se chegar à cacimba. Na cabeça um chapéu, uma corda no pescoço e um punhado de pedidos na palma da mão. A vontade era enorme para retirar a grande sorte. Na primeira pescada, retornaram dois besouros que foram parar em copo com água. Depois, saiu para rua, queria fazer alguma coisa e encontrou um grande galo que mandava no terreiro. Fascinado com o valor de cada besouro, pensou entregar ao galo para no futuro receber benefícios. Subitamente, começar a chover e um novo sentimento provoca o aparecimento de dois motivos para se desviar do bico do galo. Agora, um lindo jardim desfruta a liberdade dos besouros.
# Olhou para o telhado da sua casa e observou que uma parte do telhado continuava de vidro. Ficou com medo e logo saiu para retirar algumas pedras da rua. Curioso, passou na casa do vizinho e percebeu um número pequeno de buracos no telhado. Cabisbaixo, Foi para a biblioteca e elaborou um novo discurso. Quando voltou para casa verificou vários muros pintados com palavras educativas sobre os perigos de palavras enganosas. Passou alguns minutos registrando o que mais incomodava. Cruzou os dedos, sacudiu o velho livro na lata de lixo e voltou para conversar com os amigos coruja que já esperavam a sua volta. 

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