domingo, 27 de julho de 2014

(5) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook


# Queria fazer e fez tudo que era possível: atravessou a rua, subiu a escada, plantou bananeira, reclamou do vizinho, escreveu fora do lugar e foi para qualquer lugar, sem rumo certo. Quando amanheceu, olhou para o bolso e percebeu que restavam algumas pedrinhas, então resolveu parar, refletir, entender os significados emergentes e recolocar cada querer.

 # Sentado na cadeira esperava as ordens do grande chefe, estava tudo arrumado: livro para registros na mesa, lápis, borracha e uma caneca azul cheia de água limpa transparente. Na última hora, recebeu o recado que seria difícil digerir os novos ensinamentos. Imediatamente o servidor foi na estante, pegou o livro vermelho, abriu na página 12 e retirou 03 galhos de rosa.

# O caminhante voltou para mesa, olhou de novo para a pipoca dentro do copo d’água e observou que a lâmpada, antes queimada, estava acesa. Subitamente, retirou um punhado de ervilha que estava no bolso direito da calça, colocou na palma da mão esquerda e sacudiu no ventilador que regenera campos inférteis.

# Uma corrida, duas medidas. Uma quina, duas cabeças. Dois gritos, um gemido. Duas palavras, uma escuta. Dois caminhos, um inchaço. Dois remédios, um perdão. Um agradecimento, duas curas.
 
# O nascimento foi uma pressa, queria conhecer a primeira bela mulher que a vida tinha escolhido... Na meninice, o tempo era curto para se buscar tantas respostas... Na velhice, pensa, sente e escolhe as lembranças; agradece os acolhimentos e cuidados dos que já foram e daqueles que estão presentes

# Precisava retirar algumas páginas que foram marcadas no livro de registro dos últimos acontecimentos... Escreveu com vela branca nas folhas soltas que foram selecionadas para substituir as folhas rasgadas... Agora, prepara fogueiras, queima pedaços de papel e espera o momento para esfregar as borras nas mensagens ocultas e conhecer melhor os seus significados.

# Lembro que ontem na mesa encantada olhei com olhos de coruja, fui feiticeira abrindo cortinas de mistérios e peixe pregador de teorias inusitadas. Lembro-me da borboleta desfrutando o movimento das asas, um holofote repetindo cores e vários pássaros construindo caminhos de pedra em riachos desconhecidos.

# Tinha uma passagem que indicava qual seria o caminho de volta, era uma rua estreita e antiga, cheia de pequenos atalhos e pronta para ser explorada. O sol borbulhava claridade e as pequenas poças d’água davam o tom de alegria e felicidade. Renovado, o caminhante dar uma parada, conta o número de pétalas vermelhas colhidas no caminho e reparte com os caminhantes as bandeiras que serão fincadas ao longo da próxima estrada.

(4) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook


# No altar colocamos rosas vermelhas ao peito para alimentar, continuamente, o fogo da paixão-amor. Ano de 1974, 23 de fevereiro. O lindo céu professava caminhos de felicidades. Um sábado abridor de portas de alegrias... Agradeço, eternamente, a linda menina por acreditar que valeria a pena receber e dar algumas pisadas na grande dança do casamento. Aproveito para pedir desculpas pelas pisadas de precipitante.

 # Retirei pregos e parafusos das gavetas e coloquei debaixo da mesa. Fiz tudo ao contrário para verificar a serventia das regras. Perguntei e recebi várias respostas. Insatisfeito, fui novamente procurar outros objetos para colocá-los debaixo da cama.
 
# Observei que o caminhante estava atento para escolher novos caminhos. Ele não tirava os olhos das particularidades, pesava, filtrava e descartava as rebarbas. Deixava “pra lá” as coisas que não tinham jeito de aproveitamento. Na caminhada começou a chover, imediatamente, tirou a camisa e imaginou que estava deitado na calçada do quintal da casa, desfrutando as gotas que daria energia suficiente para mudar possíveis braçadas.

 # Contraditório, inusitado, desdobramento, ambivalência e paradoxal faziam parte dos significados do viajante. Um vazio bom, depois de montar enredos. Um ambiente externo maravilhoso, disponível para aventuras da mente fértil. Inventa agora que em cima da árvore tinha um pássaro debochando da sua cara. Eram sorrisos diante dos bons perigos das aventuranças.

# Naquele dia, quando estava muito cansado, fui ao encontro de ventos de vitalidade. Busquei na memória um lindo campo verde, um cavalo marrom com sela vermelha e ao seu lado um carro vermelho correndo na estrada. Voltei forte para o desafio da tarefa, confirmando que é possível tirar leite de pedras.
 
# Usava uma pá para retirar objetos que chegavam ao buraco em velocidade. Parecia que o movimento seria eterno e não seria possível atender as demandas... Depois de certo tempo e renovadas experiências, a situação entrou em novo ritmo, os objetos passaram a chegar, vagarosamente, fragmentados pelos cortes de outros ventos e, tudo acabou bem para alívio da cabeça do sonhante.

 # Era um portal de passagem e folhas de encanto eram rasgadas. As lágrimas da iniciação marcavam um novo tempo... O caminhante sabia que não existia espaço para o fico, por isso, estava disponível para receber novas pedras de sabedoria e confeccionar mantos, em diferentes ordens e livre de agulhas viciadas. Agora, o caminhante olha para o horizonte e espera a vinda de outras nuvens para formação de novas cirandas de encantamento.

# Estava mobilizado por vontades, a procura de uma nova página virgem de histórias, me deparei com um calhamaço de histórias em andamento, mal contadas, esperando oportunidades para chegar à superfície. Resolvi misturar tintas, em várias tonalidades, e apresentar alguns esboços para o sossego de possíveis cobradores internos.

(3) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook


# Ele achava que não precisava escrever nada. Precisava somente observar a rapidez de cada mudança. Perdido na diversidade de sensações e sentimentos mudou dezenas de vezes de opinião. Na incompletude, evocou dois pássaros coloridos e aceitou, sem desagrado, os acontecimentos.

 # A folha fora devidamente cortada e colada no grande espelho. Cada pedaço indicava um possível caminho. Volta e meia, surgia uma interrogação. Como organizar os belos garranchos? Será que a pedra deveria escolher o caminhante?! Ilusão?! Dúvidas?! Confusão?!... Que bom! É Livre criar.

 # Ele tem economizado o seu precioso líquido para marcar novos territórios e, a cada saída inventa uma nova maneira de anunciar a sua presença. O estresse é grande porque o espaço é curto para tantos competidores. Agora, ele pensa que o jeito é caminhar nos espaços paralelos, mudar a condução e transformar a rotina das paredes, como não é possível, ele senta na pedra do silêncio e espera a chegada do arco-íris.

 # Ele achava que podia desmontar estruturas... Dizia-se que a força da sua mão era desproporcional a sua vontade. Puro engano. Poucos acreditavam que a qualquer momento iria desistir. Os pedaços de coragem acendiam o seu peito. De vez em quando, abria o livro das ilusões e desenhava o futuro... O soldado de chumbo, agora, propaga ideias diferentes e testa a serventia dos enganos, para o eterno recomeço de abri outras janelas de encantamento.

 # Todos os dias, recebia um papel cheio de notícias ruins, algumas desconhecidas e outras carimbadas. Quando tomava consciência do seu conteúdo, ignorava, assumia algumas atitudes ou resolvia apagá-las. Às vezes, falava para o remetente que não tinha obrigação de julgá-las. Dizia que gostaria de passar longe das bancas estressantes. Como não podia, escrevia garranchos coloridos, soprava ao vento e ficava esperando a alegria que chegaria com os novos pombos.

 # Era um som que se escutava: verde que te quero verde, verde saúde do meu querer; do grilo ao silêncio, para rememorar aquilo que há de se fazer.

 # Era um carnaval de inocências e instintos: desfile de máscaras de pessoas, apitos livres, automóveis transviados, blocos da Rua Nova, fantasias da Imperatriz e banhos de água suja. Tempos de insensatez... Uma vez um chapéu roubado, um canto mijado; novamente acontecendo, sem documentos e longe de compromissos.

# O espelho estava todo remendado. Vagarosamente, algumas pessoas se aproximavam para enxergar os disfarces. Vítimas de destinos, as imagens distorciam compreensões e atitudes. Agora, quando tomo meio copo d’água espero uma nova oportunidade para colocar novos remendos.