quinta-feira, 15 de maio de 2014

(2) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook


# Hoje em falta, vejo que as páginas não foram lidas. O olho curioso espera a caneta. Abro o papel amassado e sopro algumas ideias. Depois de algumas tentativas, escolho um balde e tomo banho nas cores do sossego.
 
 # A mente do caminhante solicita traços, rabiscos e curvas sem sentido. O beco da estrada termina nos primeiros passos. De repente, uma luva resolve dizer coisa sem coisa e, tudo vira um novelo sem fim.

 # Tinha uma barriga engraçada com pedras muito pequenas que faziam uma zoada danada. Cada pedra tinha seu próprio ritmo e a desarmonia era grande. Subitamente, aparece uma pinça para chupar todas as pedras. Agora, a barriga oca sai em busca de novos adereços.

# O ponto era inusitado, diferente de outras épocas, outros interesses e gargalos, mas o propósito essencial era o mesmo: a defesa a vida. Olhei, escutei, senti e criei pontinhos de histórias. Relembrando sensações e crenças, viajei nos jardins de pedras preciosas vermelhas. Agora estou mais rico de imagens e pronto para evocar novas fogueiras.

# Fui para varanda na escuridão da noite. Olhei para chuva e escutei bons zumbidos. Sentei na cadeira solitária. Observei a sessão do corpo e mergulhei na alma. Fiquei em silêncio sem fazer nada. Que bom! Daqui a pouco farei a próxima caminhada para vida.

# Certo dia de chuva, uma poça d’água sofria diante da possibilidade do desaparecimento, em questões de segundos o aquecedor natural definiria o seu futuro. Repentinamente, uma comunidade de gotas chega ao sopro do vento e uma nova sorte é lançada no processo de limpeza do ambiente.

# Olhei no espelho e encontrei um mata-borrão que tinha perdido e observei que os erros tinham mudado o lugar de esconder os caprichos.

# Numa rua de domingo um menino empurrava uma roda de borracha, era o tempo de exercitar a matemática contando castanholas caídas no chão. Dia de festa, livre para inventar travessuras, ultrapassar limites e alimentar pulmões... Agora, o então homem retira do baú lembranças para continuar pintando o seu cotidiano.

# O galo abria as asas para o bom dia. Na mesa ovos de ouro chegavam a galope do chiqueiro; tudo era tranquilo, admiração, beleza e reconhecimento. Não existiam vítimas, somente o desejo de valorizar o sentimento de pertença.

# O buraco da fechadura era estreito. A camisa rasgada não tinha conserto. A torneira sempre estava vazia. Subitamente, chega um raio para cortar a linha do destino e as cartas da sorte começam a serem distribuídas para alegria de alguns jogadores.