sábado, 26 de abril de 2014

(1) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook


# Existia um pé que corria pelos buracos e ladeiras, sem rumo. Uma senhora falava que ele corria porque a calça ficava apertada. Perguntei aos meus botões o que ela queria dizer com aquilo. De repente, o sino toca, a lavadeira desce a escada e o pé volta para casa.

# Na mesa tinha um copo “em conciliação”, o vento gargalhou e a porta se abriu. Escutei uns passos, recebi um abraço e tudo ficou azul.

# Era uma carroça diferente: levava antiguidades; o cavalo era menor e sorria bastante. Quando chegou à porteira encontrou um gato, que na sua eterna preguiça não disse nada. O cavalo começou a crescer; o gato correu e subiu na carroça. As porteiras se abriram e os objetos mudaram de valor.

# Outro dia, amarrei uma linha em um dedo, para não esquecer as coisas. Quando percebi que amarrei o dedo errado, já era tarde demais, vários assuntos tinham mudado de lugar. Voltei para cadeira para refazer o mal-entendido e encontrei um novo problema: as linhas tinham mudado o prazo de validade. Para diminuir o prejuízo, fui para cama, relaxei e voltei para o silêncio.

# Tinha na sala um saco de bolas coloridas. As bolas cheias mudavam de cor a cada aperto e as bolas vazias saiam da sala para curtir outras experiências. Quando as bolas foragidas voltavam, traziam um laço preso ao corpo, sem entender, as bolas cheias resolveram fechar o saco.

# Tinha uma trilha fora da casa indicando outros caminhos. Uma seta informava: coloque um punhado de moedas na mão e jogue de volta no poço. O poço agradeceu e informou que depois daria o retorno.

# Outro dia, estava observando que as bocas estavam cheias de farelos. Algumas formigas faziam a festa debaixo da mesa, outras, diziam que o produto era de má qualidade. Sutilmente, um vento apareceu de maneira diferente, o formigão perdeu o posto e a comilança se transformou em melodia.

# Tinha uma garrafa em cima do muro que se equilibrava por teimosia. Uma pequena multidão discutia quais os motivos da brincadeira. Quem era o dono da garrafa: o vizinho, você, eu, quem? Estava pensando que talvez fosse uma simpatia para começar bem o ano de 2012. Como a “solução” foi encontrada, imediatamente a tela ficou em branco.

# O livro era enorme, branco, do tamanho da sala. As pessoas lambuzavam com os pés as maravilhas da liberdade. Era uma terça-feira. No teto tinha uma mandala que girava em sentido horário e anunciava o momento da distribuição das palavras.

# O espaço era curto para tantas profecias e as expectativas pessimistas rodopiavam nas palavras. De repente, o mago “dono” da roda do destino aparece para embaralhar o sentido das certezas e os ouvidos passam a ouvir (somente) os pingos da chuva.

# O rótulo molhado continuava na mesa e o corte estava diferente. As caixas produziam sons de outras eras. “Pura” madrugada sem lembranças... Para trazer alegria ao desconhecido escrevo palavras em vermelho.

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