domingo, 27 de abril de 2014
sábado, 26 de abril de 2014
(1) Alguns textos de Zeca Lemos publicados no Facebook
# Existia um pé que corria
pelos buracos e ladeiras, sem rumo. Uma senhora falava que ele corria porque a
calça ficava apertada. Perguntei aos meus botões o que ela queria dizer com
aquilo. De repente, o sino toca, a lavadeira desce a escada e o pé volta para
casa.
# Na mesa tinha um copo “em
conciliação”, o vento gargalhou e a porta se abriu. Escutei uns passos, recebi
um abraço e tudo ficou azul.
# Era uma carroça diferente:
levava antiguidades; o cavalo era menor e sorria bastante. Quando chegou à
porteira encontrou um gato, que na sua eterna preguiça não disse nada. O cavalo
começou a crescer; o gato correu e subiu na carroça. As porteiras se abriram e
os objetos mudaram de valor.
# Outro dia, amarrei uma linha
em um dedo, para não esquecer as coisas. Quando percebi que amarrei o dedo
errado, já era tarde demais, vários assuntos tinham mudado de lugar. Voltei
para cadeira para refazer o mal-entendido e encontrei um novo problema: as
linhas tinham mudado o prazo de validade. Para diminuir o prejuízo, fui para
cama, relaxei e voltei para o silêncio.
# Tinha na sala um saco de
bolas coloridas. As bolas cheias mudavam de cor a cada aperto e as bolas vazias
saiam da sala para curtir outras experiências. Quando as bolas foragidas
voltavam, traziam um laço preso ao corpo, sem entender, as bolas cheias
resolveram fechar o saco.
# Tinha uma trilha fora da casa
indicando outros caminhos. Uma seta informava: coloque um punhado de moedas na
mão e jogue de volta no poço. O poço agradeceu e informou que depois daria o
retorno.
# Outro dia, estava observando
que as bocas estavam cheias de farelos. Algumas formigas faziam a festa debaixo
da mesa, outras, diziam que o produto era de má qualidade. Sutilmente, um vento
apareceu de maneira diferente, o formigão perdeu o posto e a comilança se
transformou em melodia.
# Tinha uma garrafa em cima do
muro que se equilibrava por teimosia. Uma pequena multidão discutia quais os
motivos da brincadeira. Quem era o dono da garrafa: o vizinho, você, eu, quem?
Estava pensando que talvez fosse uma simpatia para começar bem o ano de 2012.
Como a “solução” foi encontrada, imediatamente a tela ficou em branco.
# O livro era enorme, branco,
do tamanho da sala. As pessoas lambuzavam com os pés as maravilhas da liberdade.
Era uma terça-feira. No teto tinha uma mandala que girava em sentido horário e
anunciava o momento da distribuição das palavras.
# O espaço era curto para
tantas profecias e as expectativas pessimistas rodopiavam nas palavras. De
repente, o mago “dono” da roda do destino aparece para embaralhar o sentido das
certezas e os ouvidos passam a ouvir (somente) os pingos da chuva.
# O rótulo molhado continuava na
mesa e o corte estava diferente. As caixas produziam sons de outras eras.
“Pura” madrugada sem lembranças... Para trazer alegria ao desconhecido escrevo
palavras em vermelho.
TEXTO DE ZECA LEMOS
Foi um dia de vivências de gosto diferente, muito bom
e arrebatador. Supimpa os desenhos! Fui levado aos tempos da inocência curiosa.
No meio do caminho, perguntei ao grilo amarelo qual era a serventia do grande
buraco da fechadura e qual seria a explicação para o constante retorno das setas.
Sabia que não teria uma resposta precisa, somente inacabada. Legal... Relembro
que tinha dois rabiscos de óculos e um círculo relativamente aberto. Fiquei satisfeito,
compreendido e avançado. Depois fui comemorar na ‘sala da vida’ os avanços, o
aprendido e os novos significados. No final, agraciado, registrei no último
papel A4 as palavras ‘olho e cabeça’ e recitei uma frase inusitada (agora não
lembrada) que alegrou muito a minha alma. (Publicado no grupo 'Recriação de Histórias' no Facebook, em 23.04.2014)
TEXTO DE ZECA LEMOS
No início da história, inventei uma bolsa de vento,
fiquei com a sensação da sua pouca consistência. Sabia que precisava
representar algumas pegadas no período das ‘eternas distâncias’, vividos no
tempo das calças curtas. Logo em seguida, desloquei os retalhos de lembranças
para uma viagem em campos oníricos. Imediatamente fiz algumas elaborações e
inaugurei uma nova trilha. Depois, visualizei uma pequena bolsa que se
encontrava protegida debaixo do querido travesseiro. Apitos e cenários mudaram
de cor, de estação e serventia. Voltei para sala de encontros e fiz vários
agradecimentos, aceitei elogios e abracei, demoradamente, a linda dona da
bolsa. (Publicado no grupo ‘Recriação de
Histórias’ do Facebook, em 12.04.2014.)
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