# Queria fazer e fez tudo que
era possível: atravessou a rua, subiu a escada, plantou bananeira, reclamou do
vizinho, escreveu fora do lugar e foi para qualquer lugar, sem rumo certo.
Quando amanheceu, olhou para o bolso e percebeu que restavam algumas pedrinhas,
então resolveu parar, refletir, entender os significados emergentes e recolocar
cada querer.
# O caminhante voltou para
mesa, olhou de novo para a pipoca dentro do copo d’água e observou que a
lâmpada, antes queimada, estava acesa. Subitamente, retirou um punhado de
ervilha que estava no bolso direito da calça, colocou na palma da mão esquerda
e sacudiu no ventilador que regenera campos inférteis.
# Uma corrida, duas medidas.
Uma quina, duas cabeças. Dois gritos, um gemido. Duas palavras, uma escuta.
Dois caminhos, um inchaço. Dois remédios, um perdão. Um agradecimento, duas
curas.
# O nascimento foi uma pressa,
queria conhecer a primeira bela mulher que a vida tinha escolhido... Na
meninice, o tempo era curto para se buscar tantas respostas... Na velhice,
pensa, sente e escolhe as lembranças; agradece os acolhimentos e cuidados dos
que já foram e daqueles que estão presentes
# Precisava retirar algumas
páginas que foram marcadas no livro de registro dos últimos acontecimentos... Escreveu
com vela branca nas folhas soltas que foram selecionadas para substituir as
folhas rasgadas... Agora, prepara fogueiras, queima pedaços de papel e espera o
momento para esfregar as borras nas mensagens ocultas e conhecer melhor os seus
significados.
# Lembro que ontem na mesa
encantada olhei com olhos de coruja, fui feiticeira abrindo cortinas de
mistérios e peixe pregador de teorias inusitadas. Lembro-me da borboleta
desfrutando o movimento das asas, um holofote repetindo cores e vários pássaros
construindo caminhos de pedra em riachos desconhecidos.
# Tinha uma passagem que
indicava qual seria o caminho de volta, era uma rua estreita e antiga, cheia de
pequenos atalhos e pronta para ser explorada. O sol borbulhava claridade e as
pequenas poças d’água davam o tom de alegria e felicidade. Renovado, o
caminhante dar uma parada, conta o número de pétalas vermelhas colhidas no
caminho e reparte com os caminhantes as bandeiras que serão fincadas ao longo
da próxima estrada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário